segunda-feira, 28 de abril de 2008

FUSCA - Quase um de nós


Mesmo sendo um campeão de vendas, o VW Sedan — ou Fusca, Beetle, Käfer, Vocho ou qualquer um dos tantos nomes que ele recebeu — não acompanhou boa parte das inovações tecnológicas da indústria enquanto esteve no mercado. Ele era um pedaço da estética dos anos 30 em meio aos carros retangulares que predominam desde os anos 50, um zunido rouco entre os diversos sons afinados em coral dos outros motores. Nunca mais as ruas estiveram repletas daquelas curvas repetidas, como num horizonte de besouros mecânicos visto diariamente no Brasil dos anos 60 e 70.

Os tempos são outros e isso já faz tempo. Mas que outro carro começou sua carreira ligado a um dos mais hediondos episódios da história e terminou como um herói infantil do cinema? Que outro carro durou mais de seis décadas e vendeu tanto com mudanças mínimas de projeto? Que outro carro nacional conseguiu ser vendido usado com tanta facilidade e tão baixa depreciação? Que outro carro desperta tanto carinho em pessoas nascidas depois do fim de sua produção? Passam-se dias, meses, anos e a resposta não vem. E tudo que Ferdinand Porsche queria era motorizar o povo alemão...

Como todos os grandes personagens da história que um dia viveram, pode-se argumentar com razão que a existência do Fusca pertence à posteridade. No mundo dos automóveis, a única vida que essas máquinas possuem são aquelas de quem as cria, as produz, as dirige ou sonha com elas. Poucas delas conseguem despertar o ser humano para sentimentos mais intensos, marcam vidas, criam memórias que não se apagam.

Nenhum outro carro, entretanto, é percebido, lembrado e sentido com a intensidade próxima à de um bicho de estimação, um amigo, um de nós. Só o Fusca.

De nada importa que nenhum mais saia da linha de produção ou que em breve o New Beetle seja cancelado. O Fusca é mais que um carro, é um personagem — e dos grandes.

Da história dos livros, da história de nossas vidas. Um protagonista na história do automóvel. Os tempos são outros, mas o tempo do Fusca é o agora. O presente da posteridade para a qual ele mereceu ficar.

Se na finitude do mercado ele já atingiu seu limite, não há qualquer outro limite que o impeça de ser um símbolo do presente e do futuro, além do passado. Como nenhum outro carro, o Fusca continua e continuará vivo. Em cada um de nós e em quem de nós vier.

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